quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

NÃO ENVELHEÇO E LEMBRANÇAS DE JEAN GENET




o meu andamento musical
está lento
não sou mais que um adagio

esta é a minha parte na sinfonia

o tempo passa por mim
não envelheço
oiço-me
estou puro
tenho a raiva em sangue puro
e ele em sangue duro

estou bem, relativamente bem
tenho ambições a perspectivar na vida
tenho metas que quero possuir

não envelheço
vejo-me em gestos e movimentos
compassados, articulo posições de ginástica

não envelheço
mas, estou mais velho

o que me diz o espelho
este não diz, este reduz
aliás, poderia reduzir

mas, não me vence
não envelheço
basta ouvir me e ver me.

o meu estado de adagio
nesta sinfonia
tem mais a ver com a percepção que quero
interiorizar das coisas
quero respirar com sapiência
não como para me alimentar
como para apurar o "palato"

eis a diferença do envelhecer
quando já nada nos faz ferver e subir a febre aos 40 graus
e eu continuo a arder a 80 graus


estou em sangue quente, espesso
tenho um foraz apetite por destruir por
acumular entulho dos mediocres


escrevo enquanto tenho febre
e quero saber dos outros o que
sentem quando me estão a ler

lembro-me de uma frase de jean genet                                    
"...um artista não é completamente destruidor..."
"....escrevo para ser lido,
não se escreve para nada..."

não admiro jean genet

mas, hoje, tenho a certeza que não envelheço
reconheço eleição de escritor a jean genet
"nossa senhora das flores é um relato poético de uma longa masturbação
na cela enquanto esteve preso"

diz ainda genet
a "poesia é a arte de utilizar a merda e dá-la depois a comer..."

há alguns anos que digo
que o poeta é o vazio da literatura
alinha palavras seguido de eufemismos e metáforas
como o alfaiate alinha a giz o pano para o corte da casaca estilo inglês...

não me interessa escrever sobre masturbação nem disso fazer um livro
como genet
concordo com a poesia, diz-se de outra maneira qualquer coisa
para depois se entregar de bandeja a quem lê uma outra coisa...

os meus detractores
apontam a minha obsessão, elas
e depois ?
elas são o alcance possível de chegar a ilha dos amores
e é na ilha dos amores
que se encontram uma flora verde e rosa onde nascem
mulheres e algumas tem um forte aroma de amor
e esse amor é o meu mel
eu devaneio entre um colibri e um poeta obsceno



e a idade aqui não conta
a matemática tem que ter outro quoficiente..


o que poderá querer dizer...

Jean Genet relembra o filosofo francês Jean Paul Sartre desta maneira

".....um sartre corado é encantador"...

só resumo ao facto que o obsceno poeta genet era um gratificante carinhoso
ou seja todo o obsceno é um frágil carinhoso e sensível
eu sinto-me assim
em cada palavra mais obscena, um gesto de toque na face

sou uma ode ao amor

para não haver equívocos burgueses e difusos
jean genet era um homosexual convicto
não lhe tirava a capacidade de escritor
eu sou um  heterosexual convicto
e isso não me tira o desejo de vir um dia a ter capacidade de escritor...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUANTAS PESSOAS GOSTAM DE TI ?




As garrafas ocupavam espaço na mesa.
Todo o tabuleiro estava preenchido. João Baptista ia bebendo "sumo de cevada"
e encostando no estacionamento as garrafas já vazias..

ele estava num estado de "alegria" já avançada..
em que tinha a noção, que a própria noção nos proporciona um limite
do que queremos ver no que nos rodeia...

esta parte não interessa para este episódio....
o que interessa mesmo, é o que vem a seguir....

Aproximou se uma mulher da mesa onde estavam cinco homens
já diminuidos pelo álcool que os absorve...

Era Maria Madalena...

Olá minha puta....

Todos baixaram a cabeça de vergonha e de risos rídiculos
Maria Madalena altiva, responde a João Baptista
Não me penses que isso me afecta
ou me reduz
porque vindo de ti, sei que essa palavra não traduz o "desprezo" para muitos...

E sabes que desde há muito tempo que o meu nome sempre foi associado
à suposta esposa de jesus ou para outros tantos
a uma prostituta da época
isto obra do sistema da igreja que me quis marginalizar e reduzir...

João Baptista interrompe...

Maria Madelana, eu quanto a outra não sei, os quatro evangelhos autorizados dizem que sim
os outros evangelhos que são "banidos" dizem diferente...

Mas, eu sei que a ti já te paguei 5 litros de azeite
É verdade, diz Maria, e era azeite extra virgem, o que faz toda a diferença...
E apreciei a tua presença e o teu modo correcto de ser homem

Mas, diz-me Maria, o que querias de mim ? e senta-te por favor....

nenhum dos homens presentes na mesa se levantaram ou deram indícios disso

João Baptista, ergueu-se e gritou...

Na minha presença ninguém te faltará ao respeito Maria, mesmo que
por vezes sejas puta , tens mais valor que toda esta escumalha de preguiçosos e inúteis..

Dois deles, afastaram-se e puxaram uma cadeira para a mesa para maria se poder sentar...

Obrigada, respondeu ela...

João Baptista, sabes que sempre gostei de ti...
és um homem da frente....
o teu hononimo do passado foi descrito
como o mestre de jesus, o primeiro pregador de cristo
foi ele que baptizou o nazareno, nas margens do rio jordão

Maria, esquece isso, não quero ter nada a ver com crenças ou cultos

eu sou um homem do dia
sou básico na minha aritemética
trabalho, bebo meu vinho, fornico as mulheres disponíveis para mim
e não quero mais nenhuma coisa para além destas 3.

Maria, insiste com outra pergunta...
Posso te fazer uma pergunta joão baptista

o que queres saber, mulher de raça...

Maria, dá um toque na mesa, e existem precisamente 4 garrafas que ficam instáveis
uma delas numa fase de descontrolo que só pode ter a ver com o facto de lá ter estado "sumo de cevada"
cai sobre o tabuleiro, derrama o resto da "cevada" que lá restava e percorre em zigue zague outras garrafas
paradas e inúteis e o liquído ameaça cair sobre as calças de um dos homens presentes na mesa...

Nestes segundos sincronizados, quatro pessoas param a olhar para aquele fútil momento, cujo auge chega com o grito....
Grande puta de merda, olha o que fizeste.....

João Baptista, ergue-se de tão rápido, que a maioria ainda crê que ele continua sentado...
Quando se apercebem que não
João está em cima do homem que ofendeu maria
e está durante quinze minutos a dar-lhe bofetadas em ambas as fases...

importante dizer, que durante estes quinze minutos, joão lhe deu, quarenta e duas bofetadas, foram intercaladas entre a face direita e a esquerda...
quem contou isto, foi um dos homens que era bom em matemática...

o sangue já saia da cara do homem, e joão continuava a castiga-lo
(isto durante os 15 minutos contado pelo um dos presentes)...


Maria, segurou um dos pulsos e disse basta !
João, parou , olhou, respeitou e saiu de cima do homem que tinha acabado de sofrer quarenta e duas bofetadas com vinco...

as suas calças azuis de pano tinham também um vinco marcado dos ferros de engomar, feitos a ferro forjado
com espaço para levar cinzas por dentro, para ficarem quentes...

Desculpe minha senhora, dirigiu se a maria madalena, ele ainda tombado sobre o chão....
Está desculpado senhor, levanta-se....
Rasgou uma parte da sua camisa branca que deixava transparecer seus mamilos...

Tome e estanque as feridas...
Leve as calças de pano com o vinco lá casa que eu lhe lavo e lhe passo a ferro...
quanto à sua face feita em entulho de expressões faciais salpicadas a sangue... é um problema seu !

Bom, Maria, tenho que ir, o que querias me perguntar....

Sim, João Baptista, quantas pessoas gostam verdadeiramente de ti ?

Este ajustou incomodado seu membro soterrado entre as
suas calças velhas,
e raspou as unhas mal cortadas pela sua barba de 8 dias.....
Hesitou, bem,,,,, deu espaço ao silêncio para pensar....

Maria, esta minha mão, era a esquerda que ele acenou, chega para contar essas pessoas....

Maria, insiste, e chega -te ? cinco pessoas numa terra com quase 5 biliões de pessoas ?

Para mim, bastava haver uma pessoa que gostasse de mim e que me soubesse explicar porque gosta
que para mim, já era muito bom...

Não procuro unanimidade ou aceitação colectiva
Procuro ser um homem da base, da primeira existência
trabalho, bebo vinho e fornico às vezes

Quero ser apenas eu, sem grandes esquemas de personalidade deslumbrante
ou de pessoas idolatrada....

e essas pessoas já te explicaram porque gostam de ti joão  ?
Sim, já me disseram e conseguiram me convencer... responde joão.

Os  homens presentes na mesa, começaram a dizer com alguma pressa, eu gosto, gosto muito,
gosto das nossas tardes de vinho, gosto das nossas caçadas de fornicanço...

Calem-se cabrões, falsos como judas

olha João Baptista, diz Maria com um tom de voz carinhosa e implacável

João, passas a ter mais uma pessoa que gosta de ti
tens seis pessoas que gostam de ti e sabem explicar porquê.

Quem, perguntou joão, algo duvidoso...

Eu, Maria Madalena

E porquê tu ?

Porque tu, João, tens personalidade, és correcto,
procuras ser útil a ti e aos outros,
não escondes o que queres e o que precisas no dia a dia,
és uma pessoa de carácter,
tens os teus defeitos assumidos e conhecidos ...

Obrigado Maria... seis é sempre melhor que 5, mas, para mim, já está bom,
1 já era muito bom, desde que fosse verdadeiro

Agora vou embora.....

os outros ficaram quietos a olhar para o joão a afastar-se...

Maria, sacudiu o cabelo, compôs o resto da blusa branca e saiu em sentido oposto ao de joão.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ESTA CIDADE NÃO É PARA VELHAS, MATAM SEMPRE AS MULHERES ?





uma tabuleta pendurada sobre o sinal de trânsito avisava:

"esta cidade não é para velhas"

num primeiro olhar em volta, não entendi...

só depois ela me chamou...adão, adão, olha ali...
velhos caídos no chão juntamente com as folhas caídas das árvores...

não nos esqueçamos que estamos em outono, e por esta altura, caem os velhos e caem as folhas caducas....
elementar.... mas, porque só a restrição às velhas ?

continuamos por ali abaixo em direcção ao chiado
a cidade tem uma melodia própria de intensidade, de tráfico ,de muita gente...

nas arcadas do teatro, outra segunda tableta, a dizer "amo te"... retive 5 minutos da caminhada das pernas
e sorri...resolvi sentar-me nas arcadas junto às escadarias do teatro.....
o ritmo da cidade não parava, tudo se mexia num movimento perpétuo

escolhi a mesa mais singular daquele local urbano
uma mesa tão quadrada que para quem ela olhava, causava uma impressão que ela era oval.
oval ? quadrada ?
estava confuso, levantei me e rodeei a mesa de novo,
a toalha tinha uma forma rectangular que encaixava bem no tampo
só tinhamos que ter cuidado com as arestas pontiagudas da mesa
isto acontece sempre que escolho uma mesa octogonal....

no fim, não me sentei... disse para mim, cansei me desta mesa complexa e difícil de lidar com ela...

todas as mesas tem que estar reduzidas ao seu lado útil, de serem mesas, apenas mesas...

se uma mesa causava esta complexa teia de avaliação, imagina as mulheres ???? pois percebi logo
a ligação das mulheres às mesas, diria um amigo meu, é pá ambas as coisas nos montamos.....

Ups....sexismo, piadola brejeira, em frente...

naquelas arcadas escuras, devotos de algum pacto de escuridão, estava mais de 30 mesas...
não, não vou descrever as mesas, se fosse o eça de queiroz de certeza que descrevia cada uma, eu só digo,
30 mesas, daquelas de serem mesas, para serem usadas como mesas, entendem ?  optimo.

escolhi uma e fiquei ao pé dela, não me sentei, fiquei erguido.

da parte da frente, aproximou-se um amontar de casacos e mantas a caminharem sozinhas pelo passeio
parou dois degraus abaixo onde eu estava em posição vertical...

sentou-se, não podia dizer o que era, pois só via casacos e mantas por cima de uma alegada cabeça...
depressa ela se revelou, destapou-se toda, e deu se a revelar
uma velha, mas, daquelas tão velhas que já era velhota, não era apenas velha....
a idade dela já tinha subido de posto, era uma velhota, daquelas de cabelos brancos...
tal e qual o mont blanc nos alpes franceses, adorei lá ter estado .

durante algum instante a velhota já de tão velha que era, olhava para os carros
a tentar contar todos, as luzes iguais confundiam um pouco a velhota de tão velha que era...

ainda ouvi ela a contar, cento e setenta e seis...

- Interrompia.....  quer um café minha senhora ?
não meu senhor, obrigado...

ai reparei num pormenor que mudava toda aquela história simples de uma velha na cidade ao fim da noite...

ela usava a sua cabeça de "mont blanc" como um pêndulo de um relógio daqueles de móvel
ela marcava segundos e minutos...
fiquei triste, uma cabeça de uma velhota de tão velha não deveria ser lhe permitido ser utilizado
como pêndulo de um qualquer relógio.....

quer chá ?
- retorquiu aborrecida... oh meu senhor, farto de água estou eu, pode ser o café, obrigada...

- o senhor não sabe que esta cidade não é para velhas ?
- não, não sabia, mas, li na placa.... e porquê ?

- meu bom senhor, o presidente desta cidade só pode ser um compositor de ópera ou algum dramaturgo trágico.....
- não entendi minha senhora ?

- caro senhor, qual a sua graça ?
- respondi, adão..... e o seu ?
- eu sou a violeta valery...
- perguntei , italiano ?
- sim meu senhor, uma homenagem de meu pai à "la traviata" de verdi...
- sim, muito bonito, e não me diga que casou com algum alfredo (o grande amor de violeta na ópera de verdi)...
- aahhhhhhhhhhhhhhhhhhh..... meu senhor, você é feitiçeiro ?   o único homem que eu permiti amar me durante os meus 82 anos foi um alfredo sim senhora, de trás os montes,......

- o destino é uma maravilhosa elaboração de deus, não é ?   virou-se a velhota violeta para mim....
- é uma história brilhante, de facto... respondi eu....

- e porquê esta cidade não é para velhotas de muito velhas que possam estar ?
- porque elas caem pelas ruas como as folhas das árvores no outono, e depois as pessoas tropeçam nelas...
é uma chatice, a partir das 4 da manhã, anda uma camioneta a recolher as velhotas caídas no chão....

- o meu senhor gosta de ópera ?
- sim, gosto senhora violeta...

o senhor pode me responder porquê que as mulheres morrem todas ? porque matam sempre as mulheres...
sabe senhor adão, a ópera e o teatro são como esta cidade, não são para mulheres, nem para velhas...

- não entendi, senhora violeta..

- porquê que a carmen de bizet, é assassinada pelo dom josé no final naquela tourda ?
- porquê que a filha de rigoletto, gilda, morre às mãos dos assassinos que o pai, rigoletto tinha contratado para acabar com o duque ?
- porquê que violeta morre de tuberculose nos braços de alfredo ?
- porquê que mimi, morre também de tuberculose, nas águas furtadas em paris, nos braços do poeta rudolfo ?
- porquê que aida, a escrava etiope, nas mãos da rainha egipcia, morre no final, enterrada com o seu grande amor, o general egipcio, radamés ?
- porquê que julieta se suicida ao corpo de romeu com veneno ?
- porquê que lady macbeth se suicida primeiro que a morte do tirano macbeth ?

chega meu bom senhor ?

- com um ar de espanto, pedro de adão, vira-se para ela e diz-lhe, a senhora valéria é fantástica, nunca me tinha percebido este tom fatalista que todos matam as mulheres...

- pois meu senhor, as mulheres tem um prazo curto
a arte e esta cidade não gostam delas...

e a senhora violeta, quando morre ?

- senhor adão, vou morrer daqui nada, quando faltarem 20 minutos para a meia noite....
tou a apreciar o último café que bebo nesta terra, e foi o senhor que me deu...
não me esqueço, fico-lhe grata pela sua amabilidade e pela sua disponibilidade em me ouvir...

a senhora é de uma sabedoria grande, olhe, tenho que ir, o último comboio parte as 11 e 45...

morra bem, morra feliz, não morra no passeio...
- fique descansado senhor adão, vou morrer no canteiro mais bonito desta cidade.... e riu-se, riu-se muito..
aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhheeeeeeeeeeeeeeeeeeeehhhhhhhhhhhhhhhh
arrrggggggggggggggggggggggggggggggggggggg iihhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

parti, não olhei para trás, ouvia o seu riso alto com a melhor das sopranos de verdi, de puccini ou de bizet...

tive pena de carmen, de aida, de mimi, de violeta, de lady macbeth, de julieta e de gilda.....


trouxe comigo o xaile que ela me deu com este padrão, vejam na foto...

domingo, 18 de dezembro de 2011

UM TRAÇO EM LINHA RECTA QUE É INQUEBRÁVEL




partilho em linha recta com aquelas rochas
uma estranha sintonia
de momento estático
nada se  cruza neste alinhamento
nosso
e corre o vento entre este traço
do mar sopra tudo
o que nos avisa
que o amor não é sim ou não
o amor é talvez....

encostado em mim tenho uma viola
ao meu colo esta mulher tem o nome que eu quiser dar
eu toco nas cordas e digo-lhe uma coisa..
um acorde é uma mensagem insinuante
já passamos a fase de "queres vir tomar café"

quem ainda quer os homens bons, civilizados, companheiros
quem quer o pai para os filhos durante toda a vida....

à porta da casa delas
é colocado a tabuleta
"procuro um patife, dos bons"
e atenção um patife não é um falsário ou um embuste....

neste silêncio traçado a esquadro recto
entre mim e qualquer ponto que eu fixe
é inquebrável
não é sopro de mar que o fragmenta
não há pau incutido com o seu orgulho de dureza que não tente
bater
e não quebrou...
essa linha de sedução, essa linha de "te querer"

é qualquer coisa de rígido
de determinação quanto ao momento mágico

e a linha entre duas pesssoas
depois de sintonizar a mesma onda hertiziana
está traçada em recta ....

dai ou nasce uma paixão
que se equilibra no fio
ou se corta esse fio
com uma daquelas frases, não sou dessas

sou daquelas, sabes ?
não não sei...mulheres só sei daquelas....

pois há pessoas imbecis que só servem
de plateia afinada para as palmas
perante mais um acto vivido e bem representado....

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FIQUEI EM ESTADO DE VIDRO


18 30 horas

estive dentro de um território
que conheço
caminhei em prazeres compassados
segui os trilhos do corpo
com as indicações dos arrepios soltos sem identidade definida naquele momento...

no seu território
não me senti estrangeiro
não estive na fronteira
estive no coração

utilizei o corpo como ponto de partida não como chegada
ousei em não ir e vir
testei os pontos da epiderme que me levavam dentro

o tempo despendido nesta viagem sensorial
foi apenas um fragmento
o relógio daquele quarto parou
senti-o inútil
ele não marcava nada, não marcava horas, ficou estagnado à espera

este fragmento de tempo foi uma viagem
por aquele território que é tão belo e branco e esguio
território contornado à forma feminina numa escultura grega

durante este fragmento com densidade de suor e de emoção
senti-me de vidro
estranha sensibilidade de ser vidro
vidro quebrável
senti-me vidro
porque através de mim via-se
porque através da minha superfície, tudo deslizava
senti-me vidro
porque era tão forte na decisão para onde ir
e ao mesmo tempo era frágil no último reduto

os homens e mulheres num relacionamento coreografado
na cadência dos dias da semana, nos dias do mês
são puro vidro
parece superfície dura, mas, o seu último reduto é fragilidade que estilhaça à dor que faz chorar

nestes momentos de fragmentos de caminhar dedos num território
que é corpo conhecido
o hálito doce da sua boca embacia-me como qualquer vidro
os lábios de veludo, limpam a superfície do vidro

estou em estado de vidro

20 15 minutos

QUEM É ELA ? QUANTO LUCIDEZ TENHO EU ?



quem é ela ?

quanta lucidez cabe em mim, ADÃO ?

o que se espera de alguém sem densidade ?

estou envolvido num fumo de monte cristo
comprado aos piratas de varadero em cuba
aquele pirata que me pedia as "chacletas"
perguntava eu
que merda são as "chacletas"
percebi eram os meus chinelos havaianas

ele vendia "puros" cubanos sem selo castrense
e pedia-me chinelos.....

respondo então às perguntas.... entre nuvens de fumo de montecristo...

ela ali no alto da foto, com um ar lindo e uma beleza singular

ela é branca a desvanecer na foto rodeada de branco intenso

conhecia em admiração em palcos como altar em que se reza em imagem de uma santa..
é espanhola de pontevedra
de seu nome patricia, cantora e bailarina,
seu último nome ?
MI NOMBRE PARA TI ADÃO ÉS ...
.. "soy descarada" .... repetiu me ela ao ouvido.....
é a memória última de 2 horas de dialogos 
arrancados à epiderme das coisas
num dos quartos de fiel depósito 
de ordinários de um hotel 5 estrelas da galiza.

com ela o adão desenhou pela primeira vez 
uma das mais admiráveis experiências 
sensoriais ao território de uma mulher
"a tortura", em galego, "la tortura"......
viagem que começou no fim, pelo "chegar ao destino"
e acabou na "partida inicial"


foi ao contrário do que costuma ser 
nestes encontros de prazeres suados a pinçel
foi como dar pérolas a porcos 
enquanto se banham na calda de vegetais..
estes não sabem apreciar...
falta o paladar aos porcos, falta-lhes distinguir o odor da líbido do esterco

pergunta à espanhola o que é a líbido....
ela te irá responder, será a parte tenra de uma pata de presunto fumado.

ahhhhh... de espanha nunca vêm nada de bom...

quanto à resposta sobre a lucidez em mim...

cabe muita lucidez, daquela que sabe que
não se escolhe nada na vida
as decisões já tomadas esbarram em nós
em cada esquina do sofá, da cama ou da cidade
isto independente do nosso itinerário

e o que se espera de quem
tem pouca densidade e não tem sonhos ....

espera-se  nada.
espero assistir à continuação do enredo....
que tem um nome pomposo...

a história linda de nada por nada e para nada....

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

OS CULPADOS DESTE TEATRO, ENERGÚMENOS A QUEIMAR !






as curvas sensatas
deixam escorrer água
numa lisura limpa
os poetas são marginais
que devem morrer depois
de escreverem
não há poetas porque a poesia não existe
shakespear é irritante
queimem os seus livros
aquele teatro é enfadonho
morte aos cadávares esquisitos.
não os de cesariny, mas, os de shakespeare
e que querem-nos icenerar de tanto
os venerar
odeio ouvir teatros embalados naquele gasto
tom de ser ou não ser
aos que se insinuam poetas
é dar-lhes porrada, até estalar em si
a sã consciência que só se escreve
porque não há mais nada para dizer
e que não se é nada enquanto se escreve
nem poeta nem ladrão
que teatro não é shakespear,
shakespeare
é a morte do teatro aos olhos de quem não sabe
para que serve o teatro, e para que serve o teatro ?
para que serve a poesia ?
serve para facilitar os arrumos nas prateleiras das livrarias...
queimaram livros de james joyce e Virginia Woolfe
não havia arrumo nas prateleiras de épocas de costumes energúmenos

NÃO CONQUISTO NADA NEM NINGUÉM





NÃO CONQUISTO NADA
Conquisto todas As mulheres
Com os olhos Do meu cão
Com as lágrimas
De um menino Do Boticelli
Conquisto com a Firmeza
de uma Estátua de Rodin
Conquisto com uma
Valsa de Chopin
É mentira
Tudo o que se escreve
É falso e induz Ao engano
A verdade é Que não se Conquista!
Existem acasos
Existem dejá vú
Existem coincidencias
Duas pessoas no Mesmo tempo Sincronizado
com a poesia Sincronizado de Lord Byron
com um Desejo que Grita
com uma Imagem distorcida
Como o abismo
Do grito de Eduard Munch

DO QUE GOSTO EU ?



de que gosto eu

ninguém me pergunta !

eu respondo


de corredores imensos e rectos em forma comprida
de hoteis
espaços mortos
que se nos cruzam em todo o lado

gosto de hoteis
gosto de motéis
gosto de pensões decadentes
gosto de todos os lugares 
onde as pessoas adormecem ocasionalmente 
com intenções tão diferentes

locais onde se adormece sem culpa
locais onde se fode com culpa
locais onde se reencontra o amor
o grande amor

locais mortos
que só vivem
quando alguém os ocupa

é a velha teoria dos debochados 
certas coisas só são válidas depois de ocupadas
quartos de hoteis e vulvas são semelhantes

INSTANTES DE UMA MULHER A TOMAR CAFÉ






há instantes
que se se vestem
com fato de gala
fazem se ouvir entre melodias
do trompete de miles davis
ou o saxofone de sony rollins
quando a objectiva contorna
a curva e lhes é apontada
eles sorriem
ao fundo vão buscar os melhores
dentes
e já está !
só que não chega parecer
para de facto ser
os melhores instantes
não são os que se vestem de gala
nem olham em linha recta para a objectiva
são os instantes tortos
os instantes que não se valorizam
são restos de notícias com 3 meses
os instantes que ficam
são aqueles que não são
uma mulher
uma cidade, um rio, gaia, rio douro
um café que se toma naquele bar
depois de um pedido de casamento
quem quer um instante
destes para o resto da vida
uma mulher e um café
no museu de gungheinm
no museu rainha d.sofia em madrid
nas galerias do metro de londres
eles querem
eu não

PORQUE NÃO TIRAS OS ÓCULOS ESCUROS


escondes a dúvida
ocultas a intenção
disses fugir do sol
por isso carregas
num tempo irrequieto
uma mensagem
"...o dessassossego é um duelo
para o poeta morto e para o gestor financeiro....."
por de trás desse falso
preto que tudo deixa ver
diz-me
quem és ?
poeta morto
nado morto das letras e das artes ?
diz-me quantas mulheres queres
a jantar contigo
num belo crepúsculo naquela
praia de horizonte vermelho
a sul de aveiro
podia tirar estes óculos
deixar te na mira do meu olho
que nunca saberias....
sabes porquê ?
TAMBÉM NÃO TE ATREVES A OLHAR PARA O SOL DO MEIO DIA !
ele arde e ninguém resiste !
é melhor colocar os óculos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A INVASÃO FOI PERMITIDA. ESTE ALGODÃO TRAÇADO FOI ENCOMENDADO POR MIM

O algodão traçado foi doce. Encomendado à algum tempo e finalmente chegou... E "quem espera sempre alcança", alguém disse...
A lamina afiada, embora muito afiada e cortante, foi precisa. No momento certo? Sim! Porquê? Porque o momento certo é sempre o momento em que a coisa acontece. E a "coisa" foi doce...
Todas as palavras são para serem ditas. No momento certo, na altura certa, da maneira certa, com a pessoa certa...
O carácter que espero... Não espero! A montanha russa de um feitio faz com que nada espere desses loopings inesperados. Simplesmente ouço, absorvo...
A invasão foi permitida. Este algodão traçado também foi encomendado por mim.

PEDRO DE ADÃO e B. MAIA

Avaliemos, então, um alter ego:
Alter ego ou alterego (do latim alter = outro egus = eu) pode ser entendido literalmente como outro eu, outra personalidade de uma mesma pessoa. O termo é comumente utilizado em análises literárias para indicar uma identidade secreta de algum personagem ou para identificar um personagem como sendo a expressão da personalidade do próprio autor de forma geralmente não declarada. 

Ou
Para a psicanálise, o alter ego é um outro eu inconsciente.
Num outro sentido, o alter ego de uma pessoa não é uma faceta escondida ou secreta da sua personalidade, mas sim alguém de muito íntimo, um amigo fiel e inseparável em que essa pessoa se revê e deposita absoluta confiança. O alter ego é, neste caso, um perfeito substituto em que a pessoa pode delegar a sua representação ou outra função importante, na certeza de que ele pensará e agirá como ela pensaria ou agiria, isto é, como se fosse ela própria. É frequente, na vida política, um dirigente ou governante ter um alter ego como colaborador destacado, alguém habilitado a assumir fielmente as suas funções.

Posto isto, a mim parece-me mais a primeira... Mas mesmo que seja a segunda análise, parece-me que terá sempre de esconder o seu verdadeiro eu... 

EU VOU. NESSA VIAGEM ! O QUE PRECISO LEVAR NA BAGAGEM



..... citação retirada de uma carta de uma puta das antigas repúblicas soviéticas, imigrada em portugal há 10 anos,  obrigada a prostituir-se para pagar o seu curso de belas artes e a pagar a prestações umas botas laboutim, sim, as de sola vermelha.....


não parece estranho uma puta abir-se e permitir-se, para aprender mais sobre a arte pop ? sobre o impressionismo de monet, ou de renoir ?


sobre o dadaismo de marcel ?


da fase cubista de picasso ?


e ela compra botas ?  laboutim ?  800 euros o par ?


vamos ler a sua carta, deixada ao filho do dono da pensão !


e ela é do uzibiquistão ?  seu nome ?  neucione custoidov !



Olá!

Interessa sempre responder, nem que seja com um olhar ou em silêncio.
"O mail de ontem foi diferente?" Não entendi...

Tenho curiosidade de uma pessoa real. O Adão é real?


Mulher ainda não temos... Temos uma pseudo mulher. Mulher teremos daqui a uns anos quando tiver outras experiências cravadas em mim.
Alguém que desenvolve até concordo. Há ideias certas dentro do meu contexto. Mais uma vez, a interpretação é o que cada um dá às coisas. 

Eu desenvolvo e dou densidade, sim. Dentro da minha cabeça e do meu ser. E muitas vezes é aí que fica guardado. É íntimo e intocável.

Eu vou... Nessa viagem. O que é preciso levar na bagagem?

Like you.

..... o filho da dona da pensão perguntou ? mas, ela está interessada em mim ?  
ou será tesão ? ou curiosidade arrebatada ? acabou de ler a carta e rasgou-a !

ela está a brincar, ela não sabe identificar !  é uma medrosa ! não tem coragem sequer de dar um beijo !

fixo duas coisas que escreveu na sua mensagem:

- "serei verdadeira mulher depois de experiências cravadas em mim" !  ....
.....serei eu a faca que vai cravar em forma de cicatriz a flôr ?...

- "eu vou...nessa viagem" !    ...
......saberá ela que comigo ganha nódoas negras regadas com riso de prazer, de  
lágrimas de plenitude, com suores arrancados na sua epiderme....

a ela declaro alto e com exactidão, na sua bagagem não leve apenas a vulva aparada e aromatizada ! 
leve a sua capacidade de ser sensível de buscar energia e de absorver contéudo, de absorver encantamento de uma pessoa singular !

são duas da manhã.
vou bater uma.

assinado 
gustavo de oliveira e sobreiro ! morador em casais revelhos, concelho de redondo



OS QUE NOS INVEJAM E PROCURAM O ÓBITO

o tempo que os outros nos invejam
canalizam força para nós

tornamo -nos sábios
ganho em sapiência o que o invejoso investe em ódio

os que me procuram o óbito
glorificam os meus éxitos

e será que os tive ?
os meus sucessos ?

sim, tive, tenho.

são mais do que idealizei em idade ténue
tornei me forte

onde estava fraqueza, emoldurei e coloquei a na parede
onde estava limite, esculpi em madeira e coloquei no móvel a escultura

sempre acreditei que podia
sempre supûs que estava talhado para fazer da vida
um palco da minha personagem principal

sempre tomei consciência que o óbito ia tardar
que o luto ia ser a minha cor amarela

do preto fiz estética
do meu gosto diversifiquei
do meu medianismo investi em vocabulário e acutilei a inteligência

aumentei o volume da intensidade
vivo, vivi e continuo a viver como uma intensidade e força de vida
e de episódios tantos
que a minha vida tem uma densidade recheada

os que me invejam
depositam dinheiro no meu mealheiro

os que me querem morto
florescem energia em mim

quem me conheçe, não sabe
sou mais que o miserável quotidiano do plural

sou sempre um tónico a viver
a minha água não bebo normal

- empregado, se faz favor
uma água com gás e fresca...

- pois não sr, adão, é para já.

- obrigado

1 COMPASSO DE TEMPO E A QUIETUDE DAS PEDRAS



a rudeza de quem nos escuta
faz-se silêncio no pêndulo que oscila
no relógio que marca o tempo em compassos de hesitação

as pessoas param
não tem a certeza para onde irem
hesitam, continuo nesta miserável vida de quotidiano
ou pego na faca e num fino corte de faca abro um traço de rompimento
na banalidade

há pessoas impreparadas para ouvir o que os outros tem para nos dizer
tornam-se rudes, tornam-se pedras quietas
não nos conseguem escutar

o que é a quietude de uma pedra
senão um compasso de 1 hora a que o relógio marca e assiste
de uma volta que o homem dá até ao café
nas minhas idas ao café, o passeio está polido com as minhas
solas rijas e petulantes de quem caminha com desprezo pelas pedras da calçada
como quem caminha com desejo de vingança

também eu, gostava de ter a quietude das pedras
de ver passar o homem todos dias para o café
num compasso de tempo de 1 hora, num trajecto que se faz em 10 minutos.

o pêndulo desregula esta noção de bom senso
porque percorre o homem num compasso de 1 hora o que faz em 10 minutos ?
porque ele despreza o tempo que nós somos obrigados a sincronizar
porque ele tem prazer em polir tais pedras da calçada
com um desejo de vingança

este desejo de vingança
não é mais que uma declaração

não me vences banalidade do quotidiano
contagias e infectas todos
mas, a mim, não , eu contorno a tua quietude

percorro num compasso de 1 hora o que faço em 10 minutos

estou contemplativo


O QUE FOI TRANSFERIDO PARA MIM



quais as coisas transferidas para o adão
alter ego de algures de alguém

primeiro, a matemática de sexo diverso entre várias identidades
nesta aritmética, as equações que faço são de adição
e de multiplicação, os números vão longe
alguém na sua ingenuidade ou estupidez
tentou advinhar ?  25
eu, adão ri -me, 25, isso dá para começar a perceber 2 coisas nas mulheres

1- quando dizem que não são dessas,
2- querem quem lhes tire do seu miserável quotidiano que as façam rir e sentir tremores, não de terra, mas corporais.

retomando a primeira questão, o que foi transferido para mim, adão
depois da matemática feita de nomes de mulheres
(anas, sandras, cristinas, gisela, berta, tanias, claudia, raqueis, patricias, natalias, monica, juliana, neucione, carlas, tais, margarida, ana margarida, tarcila, joana, sonia, maria,  laura, helena, etc....)

outras das coisas que me foi transferida, foi
disponibilidade temporal para procurar contéudo, para além da epiderme das coisas.
habitualmente a epiderme tem óleo e gordura
o que bloqueia qualquer vontade de ir procurar por baixo a verdade das coisas

a terceira coisa que me foi transferido
foi a dedicação a poesia, não que goste da poesia, esta está morta
e é bibliografia de poetas mortos
poesia no sentido de ver o belo entre o resto do entulho das pessoas
de articular palavras com o sentido de partir da banalidade e ir fora
foi me transferido a possibilidade de pensar e sentir por palavras e simbologia e ainda metáforas
o que me rodeia.

a quarta coisa que me foi transferido
foi o carácter, a inteligência o talento, o facto de não ser plural na maioria da carneirada
e manter me singular, ser raridade de bom gosto e de intensidade no que é superficial e básico

eis aqui quem é o adão

domingo, 11 de dezembro de 2011

ANSIEDADE, MADRUGADA E AS MULHERES



madrugada
frio de refinado corte que estremece temperatura
quente do corpo que acorda
que se ajusta para recomeçar

pegamos sempre de manhã
no que deixamos
ontem de noite

nós temos um problema
ansiedade
tal como as ervas daninhas que destroem o melhor relvado
de um jardim, espalham-se e propagam-se
à rapidez de dez segundos

nós e a ansiedade
ela provoca dores, provoca intranquilidade
estamos à espera
godot estava a espera
e o que esperava godot de beckette
isso mesmo
esperava a espera

e a espera tem várias caras, várias expressões humanas
godot esperava a espera, velha amiga com aspecto transparente e
sem odor, nem cheiro

a ansiedade é espera
e enquanto esperamos a espera
procuramos identifica la em quase tudo
seja na revelação de alguém
seja nas entrelinhas de uma mensagem

ansiedade juntada a solidão
passada depois de abandono é terrivel
quando a ansiedade
é por alguém
então o peso é de gramas, tão leves que nos deixa ir ao fundo
quando elas estão sozinhas
sentem-se mal, tão mal, que ficam indispostas

o homem tem mecanismos diferentes
de resolver a ansiedade e a solidão
está nela, mas, escapa-se ao peso dessas gramas

madugada
o homem tem sempre melhor sorte que as suas mulheres
porquê que custa mais às mulheres.
se calhar porque afinou demasiado
as notas do piano cerebral que lhe criam melodia perante o amor
e ela toca amor ao piano pelas crias enquanto prenhas, pelos homens enquanto dependentes quimicas
por isso elas usam
a sua maior mediocridade de todas
doi me a cabeça , velha porta de saida usada em tudo

sábado, 10 de dezembro de 2011

EU DANÇO, NÃO SOU ESGUIO COMO A BAILARINA, MAS, NEGOCEIO E SINTO



ser ousado ou abusado ?

jogar ao monopólio ?
ou permitir
pensar e sentir a vida
para além do que se negoceia
no grande jogo

permitir que acha poesia
e espirito
onde há dinheiro
e negócios

não estranho que não acha resposta clara e fácil

mas, será preciso haver resposta para tudo ?

não, foda-se, não mesmo !
nem tudo o que se quer fazer
ou que se faz
precisa vir acompanhado
com o manual de explicação
ou de como fazer sentido.






será esta a parte do segredo
dançar ?  inclinar para vários lados ?

há quem procure optar
entre jogar o jogo do grande monopolio, entre estar integrado e dominado pelo que é fiscal e finança
e entre a tarefa de contemplar o mundo, os seus sentidos, a sua poesia

para mim, a poesia e o sentir é a saliva de uma boca que tem prazer com o que saboreia
para mim, o dinheiro e o jogo do negócio é a esperma de um orgão que se quer erecto para vencer

venho a vencer desde há alguns anos neste monopolio
não corro atrás do vil metal e da nota azul
mas, sempre me cruzei com ele

não será por acaso que sempre me mantive ligado
à saliva, ao paladar das coisas, de procurar na vida e nas pessoas esse paladar requintado
que excita as papilas gustativas que temos na boca
ligado ao pensar nas coisas, ao sentir a vida e as emoções captadas

ninguém se interessa pelas papilas gustativas,
querem apenas saber do sabor bom banal e básico que certas coisas nos causam.
ninguém se interessa pelo caracter pelo sentir,
correm loucos atrás do dinheiro e como o ganhar

eu sou um alter ego
nasci recentemente
tenho um passado grande e intenso
tenho conquistas e poucas derrotas
não vivo na ilusão que tudo é assim e que nada nunca mudará

tudo muda e para melhor, basta mudar para diferente

eu, alter ego de outro
ganhei dimensão
sou a prova que em algumas coisas não é preciso escolher
basta conciliar, basta equilibrar, basta pensar que tudo é ambiguo e vasto
e que tudo gira em roda de nós próprios
e nós somos uma grande dimensão de vida e sentidos
basta ir dançando, procurar o chão, saltar e cortar o ar, sentir o que se ouve
impressionar os que nos assistem

viver é ir dançando sem nunca perder o chão e nunca ficar no ar
mauro adão

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DUAS VEZES EM SETE DIAS PERMITE-SE SER ESTRANGEIRA NO SEU CORPO




porque este lábio ?
porque ele tem o corpo de uma pistola que mata e ama
porque por ela saem balas douradas de pólvora mágica
elas ferem elas adoçam

porque é nestes lábios que está a saída para o medo para a falta de coragem

mas, ela assusta-se, retrai-se, tem medo
diz que não é o que quer, não é o seu género, não é dessas,
que tem compromissos, já não
ela petrifica a cara com aquela expressão de quem está distante
mas, o que lhe absorve o rosto bonito
é a tristeza, a infelicidade
a tesão realizada em foda, mas, que não a alimenta
que a não torna feliz

falta-lhe a intensidade do momento de não prazer
mas, a intensidade do momento de viver plenamente
o vai e vêm é mais que isso, não é o meio para o fim
é um intervalo
num prato gourmet que se confecciona pelo master chef
entra-se com uma tortura de paciência, ansiedade e olhos cerrados
segue-se o toque na carne, e esta estala, ferve, não espera o que se segue

donde vêm o toque da seda percorrido pelos dedos
surge intempestivo um estalo
que sacode a banalidade do que se esperava
que a deixa sem chão, sem noção do que se vai passar
dá-lhe a possibilidade de viver com intensidade, sabemos lá o que se segue....

mas, são emoções fortes, que cicatrizam na alma a razão de estar viva


vai continuar
de cima para baixo nas ruas caminhadas milhares de vezes
que não levam a nada

duas vezes surgem em sete dias
ela abre-se, permite-se a outro que nada diz
que fica e não se atreve a ir
ausenta-se dela
ela transforma-se não em si, proprietária
mas, em estrangeira
estrangeira no seu corpo, enquanto o outro, companheiro habitual
percorre, sem esforço, sem vida, sem tesão o seu corpo

ela opta por ser estrangeira em si
aluga o silêncio e a quietude ao outro
duas vezes por semana em sete dias

e os restantes 5 dias
a matemática esmaga-nos contra a parede da verdade dos factos
o corpo está hibernado, desocupado
e se está hibernado não cresce na felicidade, não cresce no prazer
que é energia positiva, energia que revitaliza que provoca o continuar em frente

hiberna, hiberna
dorme e aluga teu corpo ao habitual inquilino
que te transforma em estrangeiro de ti própria

ficas, ficas sempre
não vais, não sabes ir
não sabes o que é ir, partir, sair, arriscar, recomeçar
não és dessas porque não és de nada
e o nada é o oposto a assumir que eu sei eu quero

redomas ? armaduras ?
fode-te com estes chavões
isso sabes o que é ? é nada, nada multiplicado por 10, dá 100 vezes nada

por isso anas e marias, paulas e helenas
retirai os passaportes aos habituais, deixai de ser estrangeiras no próprio corpo